28.1.18

EU SEI LÁ


O Sol entra na casa e faz-se cor e faz-se flor.
Instante de alegria na saudação do dia.
Anima-te. Se não sabes cantar
compõe silaba a sílaba
pequeninas palavras de rimar.
Podes dizer verdura
depois juntas tremura
ou ternura
ou doçura.
Amargura não serve
podes apagar.
Tudo isto é brincar
saltar à corda
um dó li tá
quem está preso preso está.
Nasceu o dia assim
ou fui eu que inventei
o sol a casa a flor
e apaguei
a dor e o deserto
e a tristeza das aves
e o verso inacabado
e o poema falhado.
Sei lá eu que farei
sei lá eu que direi
sei lá eu quem virá
depois de mim rimar.
Eu sei lá.

Licínia Quitério

23.1.18

VAI, MEU CORAÇÃO


Vai meu coração
não te demores
na imensidão

não te esqueças de mim
que fui a tua casa
o antes e o durante
o tempo da viagem

se muros te barrarem 
o caminho
salta coração
solta o grito e a asa

ao largo encontrarás
no chão tombada
uma ave nocturna
exausta magoada

levanta-a coração
leva-a contigo
veste-a com o meu nome
até que chegue a noite

solta-a depois 
no cimo da colina
ensina-lhe o caminho
do meu peito

nele achará o ninho
o calor a guarida
de aves enfrioradas
desamadas perdidas

Licínia Quitério

13.1.18

À PROCURA


Vamos à procura
do grande mar
do sol e da quentura
Saborear
o sal e a lonjura
Aconchegar
um fio de ternura
Rememorar
dos homens a bravura
num barco a baloiçar
nos olhos a aventura
Vamos continuar
à procura
à procura

Licínia Quitério

Nota: resposta ao desafio em https://outrostemas.blogspot.com

5.1.18

UNIVERSO



A frase limpa, a palavra justa,
a música escorrente. 
Um fio de verdade, uma concha de vento,
um aperto no peito. 

Pode ser um poema, pode ser um anúncio,
pode ser uma pena. 

Uma estrela nascente ou uma estrela morrente. 
Um universo em vez do coração.

Licínia Quitério

3.1.18

O POETA


Quando um poeta fala de árvores, 
de pássaros, de rios, de vida, 
o que menos importa é a língua em que o faz. 
Sempre há-de haver quem o entenda, 
alguém que cresça como árvore, 
cante como pássaro, corra como rio,
e viva.


Licínia Quitério

1.1.18

OS FRUTOS


Guardado o Sol das outras estações,
no amarelo oiro se agigantam
os frutos do Inverno.
De seivas e doçura se fizeram as águas
que do seu corpo escorrem
para bocas sedentas 
de alívio, de frescura.
Dos homens sabem segredos
que à noite a
 terra lhes contou.
É o que deles faz frutos amargos
nos dias em que a paz em guerra se tornou.

Licínia Quitério

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