7.12.17

UM DIA


Um  dia é um dia. O desencanto ou a euforia. O espanto ou a decepção. A vontade de ir ou de ficar. De abraçar ou de expulsar. A paixão ou a repulsa, o empenho ou a indiferença. A vontade de chuva ou de deserto, a acalmia ou o desassossego. Num dia nascem estrelas e arrefecem planetas. Num dia há pó de oiro e água de fruto, e poetas, e santos, e assassinos, e cobardes. Um dia é sempre inteiro, único, novo. Será lembrado ou esquecido, temido ou louvado. Todos os dias são de vida e de morte, de sombra e de luz, de explodir universos, de quebrar vidraças, de ser a galáxia e o fotão. Todos os dias podem ser do amor fúnebre da louva-a-deus e do amor de Orfeu recuperando Eurídice. Podem ser ou não os nossos dias.

Licínia Quitério

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