18.7.16

A SOMBRA


É nas terras do Sol
que a sombra se afirma
e permanece.
Nada em ti amanhece
ou anoitece 
que a sombra não vigie,
não persiga.
Cão a espelhar seu dono,
respeitando a distância,
fazendo companhia
na recta e no desvio.
Nada em ti acontece 
que a sombra não projecte,
não desvende,
não comande.
Não te cavalga,
a sombra.
Forra-te.
Contigo mora 
e se transforma 
no teu jeito de andar,
no teu gesto largo,
no teu gesto parco,
no novelo de mágoas
nas águas de teus olhos.
Se és um homem do Sol
respeita a sombra,
aprende a iluminar a escuridão.
Sem seu contrário 
nenhum homem cresce,
nenhum homem caminha
e se engrandece.

Licínia Quitério

1 comentário:

bettips disse...

Não sei se é este o tal, que assoma e assombra. Muito bem conseguido este encadear de palavra e sombra e sol.
Há papel-pano para "mangas": largas, quimono, com vénia de saudação, diria. Mais livro, mais poesia.
Conhecer é também reconhecer, dos babeiros de folhos, das meiinhas brancas, os soquettes ... o sonho a sonhar.
Ali ao lado, no jardim, havia um fontanário público, verde gracioso e de gota límpida, sempre pronto a matar a sede. Assim me sinto-sento muitas vezes quando a vida oprime e deprime.
Bjs

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