23.8.13

LEÃO



Ah se eu te contasse, leão, a sede da savana, o choro das crias, a solidão das fêmeas, a fúria dos machos, o susto das presas, a morbidez dos caçadores, se eu te contasse, leão, e fosses carne e pelo e vida inteira, regressarias ao teu tanque, vestirias a pedra, e a água escorreria, em soluços, da tua boca aberta, da tua língua esquecida do sangue, vagamente lembrada dum bocejo, na tarde quente dos leões que passaram, que passaram.


Licínia Quitério

3 comentários:

Mar Arável disse...

Leões não são gatos

Bj

Justine disse...

E quando não se consegue ser de pedra???

fiuza.marcia@gmail.com disse...

Que lindo! Tu falas de necessidades vitais a serem, quem sabe, abandonadas se, acaso, soubéssemos da dor do mundo!
Me encantas!...

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