18.4.11

FOZ


Um rio de securas,
porta aberta ao mar,
desejo forte de onda,
sonho de barcos, de remos,
de velas. Quem lhe dera.
Teve peixes, sim,
de prata pura.
No tempo das raparigas
de bronze e dos rapazes
de músculos inquietos.
No tempo dos cachos de uvas,
da jangada, 
das bocas das raparigas,
das vozes dos rapazes.
Foi um rio de risos,
de ousadias, de chapéus de flores,
de ninfas e efebos,
de iniciações e descobertas.
Um rio de foz,
sem novas de nascente,
um rio leito
de frescura e ardência.
Era jovem, amado
e as gaivotas poisavam
na sua respiração
de madrugar.
Se o mar de novo entrar
quem sabe brilharão
os dorsos das tainhas
e os chapéus de flores
e os bagos de oiro
voltarão a enfeitar
os risos de outras margens.

Licínia Quitério

10 comentários:

Anónimo disse...

Lembranças de tempos idos...
AIDA

hfm disse...

Voltarão, Lícinia? Esse rio conta-nos histórias e o mar amava-o. Tocou.

Joaquim Pessoa disse...

Belo poema minha amiga! E se isso é o sitio do poema, vou já escrevinhar para ao pé de ti!
Um beijo.

Manuel Veiga disse...

bagos de oiro, nos cachos do tempo. amável. e breve...

belíssimo.

beijos

Graça Pires disse...

A memória dos sentidos. Sombras que são a foz de um rio...
Um beijo Licínia e Boa Páscoa.

Mar Arável disse...

... entretanto estão a despontar os cravos

com memórias de amanhãs

Bjs

Anónimo disse...

Que seja "tempo esperança"! E voltará a haver "novas da nascente"!...
Um belo poema, no "Sítio" certo!
Beijinho e Páscoa Feliz

Justine disse...

Façamos então com que o mar entre, depressa, e acabe com essa secura, essa nostalgia...

OUTONO disse...

Ainda tantas águas para contar as nascentes cristal...antes da foz...

M. disse...

Tão bonito e tão triste. Tão solitária a memória.

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