4.7.10

DO AMOR


Trazemos no olhar o tecido dos dias
que desejamos claro, com a suavidade
mate duma primeira e tão fugaz infância.
Navegamos mares, cruzamos ares,
resistimos à traição do escuro do abismo.
Esbanjamos desejo para dele sabermos.
Poupamos no amor para o termos inteiro,
sem importar o rosto ou o nome, que ele
é a mão e a voz e uma infinita paz, de pele
a pele, de vontade a vontade. A água sobre a água,
a pedra contra a pedra construindo a vereda,
um fogo brando, maior a  luz que a chama,
a iluminar um arco de passagem até ao fim do tempo.
E para lá do fim, teimosamente, a água sobre a água.

Licínia Quitério

11 comentários:

Amélia disse...

Parafraseando mestre Cesário:
Hiuve uma coisa (um poema) simplesmente bela...

Justine disse...

Luminosa, a tua poesia. Coragem? Força?Esperança? Resistência? Teimosia!

Maria disse...

A vida sobre a vida. Teimosamente. Belo.

Um beijo.

Joaninha disse...

Mais um belo poema que nos fala da vida, ora bela, ora dorida. Adorei ler.

beijinhos.

Mar Arável disse...

Preferível é voar

com os pés bem fincados no chão

Teimosa mente

vieira calado disse...

A água sobre a água!

Eis uma bela maneira de encerrar o dito,

neste belo poema!

Bjs

M. disse...

De grande sabedoria este poema, Licínia.

batista disse...

... gota a gota, como beijos de mãe, o versejar é luz e caminho onde chego ao Sítio do Poema.

deixo um abraço fraterno.

R.Joanna disse...

O tecido dos dias entretecido nas palavras. Belíssimo.

Manuel Veiga disse...

que "a água sobre água" se faça aluvião...

enorme Poema,

beijo

sonia disse...

esse é daqueles poemas que chegam rápido ao coração
extremamente belo

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