28.6.10

NOITE

Como se não houvesse noite
E a chuva mais não fosse que
A inconstância dos teus olhos
Regando as malva-rosas
E acalmando a secura dos relógios,
Assim tu foste o despertar da terra
E a claridade das vertentes ao sul,
Mesmo que o sul não seja mar
E o amor se esconda para sempre
Na mão que te recusas a abrir.
Transportaste a tocha e o clarão
E acendeste o fogo e iluminaste
O quarto escuro e as letras do meu nome.
Por isso a chuva cai enquanto durmo
Embora seja dia, que não verei
De novo a solidão das pétalas
Encolhidas, rasgadas, chorosas

Por o sol ter falhado o encontro,
O afago, o bom-dia, a palavra
que transporta o oiro e a imensidão.

Licínia Quitério

9 comentários:

hfm disse...

Destaco o ritmo das palavras e a força deste poema - belíssimo.

Amélia disse...

Por mim repito dom o henruqie: szimoplesmenete BELÌSSIMO!

© Maria Manuel disse...

a hfm já o disse - belíssimo, uma noite agraciada pelas tuas imagens e pelo encanto da claridade lunar.

bjo.

Joaquim do Carmo disse...

De inconstâncias se fazem corações sofridos e solitários... e encontros falhados no desconcerto de tantas vidas!
Porém, o sol não falta sempre e, mais depressa que uma noite, talvez haja, de novo, "bom dia"!
Beijinho

Graça Pires disse...

"Como se não houvesse noite
E a chuva mais não fosse que
A inconstância dos teus olhos
Regando as malva-rosas". O começo maravilhoso de um poema excelente...
Um beijo Licínia.

M. disse...

Como um dolorido poema de amor, assim o leio.

M. disse...

Belíssima fotografia. Como uma renda delicada.

Manuel Veiga disse...

poema de uma musicalidade dolente. como a chuva na "inscontância dos olhos"...

imagens muito belas. adorei.

beijos

sonia disse...

licinia
esse foi o primeiro poema seu que li, deixando-me encantada com tanta beleza, tanta delicadeza, e querendo outro, e mais outro...

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