15.8.08

FRESCURA






Quando aprendi a dizer frescura, os gatos incomodavam o sono dos pardais por entre as folhas. Na leveza das manhãs molhadas, os ramos deixavam perceber a imponência das grandes pedras. Havia um brilho suave na voz dos homens que diziam bons-dias. Assim, no plural, quando o tempo futuro era longo e certo.
Não devemos deixar-nos prender nos pequenos contos da província. É necessário escrever grandes romances onde se leiam as folhas verdes, as pedras cinzentas, o êxodo dos gatos, a persistência dos pardais, as vozes sem viço dos homens que perceberam a singularidade dos dias e a brevidade do tempo que diziam futuro.


Licínia Quitério

15 comentários:

Maria disse...

E é necessário que esses romances, assim escritos, sejam lidos...

Um beijo

Vanda disse...

É necessário ler-te, Licinia!


E dar-te os "Bons dias" pelas belissimas e cheias de sentido,
palavras que escreves.


Será que tudo quanto lemos aprendemos?

Ou será que a alquimia faz parte da essencia de cada um?


Um abraço, Licinia, boas noites :)

Marinha de Allegue disse...

É preciso que os romances non tenhan fronteiras...

Beijinhosssss Licínia.
Bo día.
:)

M. disse...

Li-te no Outro Sítio e apreciei o trevo...

M. disse...

Julgo que entendi esta bela mensagem. De novo subtil.

Justine disse...

Tantas memórias adormecidas me surgem de repente, apenas com os teus "bons dias"! Falas de tempos idos com melancolia, e dos futuros com algum cepticismo. E a esperança?

Tenbu disse...

Que fresca é a plena consciência do ser.

Graça Pires disse...

Há frescura nas tuas palavras. Gosto.
Um beijo.

maria josé quintela disse...

nos contos ou nos romances, o que é mesmo importante é saber ler tudo o que não está escrito e justifica a singularidade dos dias.


como por exemplo frescura.



um beijo.

Maria Laura disse...

Esses são mesmo os grandes romances que devem contar como era e preparar esse futuro que deverá ser.

Manuel Veiga disse...

gosto dos gatos que incomodam o sonho dos pardais. subversivos tais gatos...

(e não consta que saibam escrever grandes narrativas!)

o texto, belo. claro.

beijos.

As palavras que te digo disse...

Sim é necessário ir mais além...
Beijinho-Salomé

hfm disse...

Mas os grandes romances não colhem numa vida onde "brevidade do tempo" tudo justifica. Muito bom.

bettips disse...

...da tempura...
Um convento vestido!

jawaa disse...

Mto. obrigada também pela visita.
Ainda não houve tempo para o «outro sítio» mas decerto o link ficará guardado. Este foi o post que escolhi para te saudar pelo espaço lindo sentindo-me a espreitar por entre os verdes. Da esperança, claro. Apesar de tudo.
Um abraço

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