28.8.07

VERÃO


Enluvámos as nossas mãos de terra
e revolvemos o coração do verão
na busca de segredos vegetais

Palpámos a firmeza das raízes
e o disfarce de bolbos pardacentos
mátrias infames das ervas da traição

Jurámos arrancá-los um por um
antes que o verão se vá daquela rua
e a esperança de o rever se desvaneça

De pé sobre o cansaço da nossa fortaleza
inda cumprimos a hora de dizer
a beleza das rosas dos bichos do luar

Licínia Quitério

14 comentários:

Graça Pires disse...

Revolver o coração do verão. Manter a esperança de o rever. Dizer a beleza das rosas... Tudo isto faz do poema um espaço de afectos e coragem. Um beijo.

Mar Arável disse...

De preferencia olhos postos na lua cheia e com as mãos na terra
sem luvas

un dress disse...

infindáveis segredos vegetais

onde todos os mistérios se assombram

pesquisando risos



...



abraço.beijO

aquilária disse...

julgo que a rua se há-de vestir de verão para alegrar os olhos que assim a amam. e, se necessário, para eles inventará rosas e luas novas, repletas de bichos sorridentes.

um grande abraço, licínia

Vasco Pontes disse...

Olá cada vez mais irmã,
Este é um poema que Vasco POntes gostaria de ter escrito.
Beijos

Manuel Veiga disse...

teimámos sempre na beleza das rosas.ainda que doa a demanda dos "segredos vegetais".

muito belo.

M. disse...

Lindas as palavras, lindas as imagens que elas me trazem. Profundo o que aqui se diz.

Conceição Paulino disse...

uma belíssima expressão poética de realidades comezinhas aqui alçadas a outra dimensão pela qualidade.
Bjs
Luz e paz
Bom f.s

bettips disse...

As pequenas raízes que dormirão depois, "segredos vegetais". Como se nunca tivessem existido, fica a lembrança até um novo ciclo. Lindo o "cansaço da nossa fortaleza", sinto-o. Bjinho

Isamar disse...

Um poema que é um hino à terra, à mãe natureza, à riqueza que encerra.
Beijinhos

Maria P. disse...

Lindo.E forte.

Beijinho.

Teresa David disse...

Que belo poema tão cheio de cheiros a terra, e comunhão com a natureza. Gostei bastante,.
Bjs
TD

Maria Carvalhosa disse...

Prazer renovado, Licínia.
Sei que me entendes.

Beijos.

Alberto Oliveira disse...

... vir aqui ao encontro dos mistérios da terra é um bálsamo. Em qualquer estação do ano. Porque cultivas as palavras no tempo e no solo certo. Citadino que sou, limito-me a colhê-las. E saboreio-as.

PS: Não cheguei a tempo do teu gato(a). Tem um olhar de quem conhece o Nilo a palmo.

beijinhos.

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