13.4.06

FRIO

Como são frias as tardes
por trás dos vidros frios das janelas.
São tardes longas que nem a noite esperam.
São apenas tardes frias e longas
sem lagartixas nos muros
pretensamente austeros de pedra solta.
Tardes hirtas e esquálidas
como os santos de El Greco
porém a preto e branco
que sépia é ousadia.
Como são velhas estas tardes.
Atravessaram o cristal da estepe
desgrenhadas pelo vento
amarrotadas pelo rolar do tempo.
Chegaram e marcaram lugar
do lado de lá do vidro frio das janelas.
Pobre de quem contempla
o banco frio onde se alonga a tarde.


Quando a tristeza acontece, sabe bem porquê. Podemos ouvi-la a pedir que a acarinhem. Em versos, em prosas, em músicas, em danças.
Se a ignoram, transforma-se em raiva. Se a mascaram, pode chamar-se horror. Um dia, irá embora.
Nunca de vez. Como nós, que sempre partimos e voltamos. Ou desejamos que assim seja...

L.Q.

4 comentários:

Teresa David disse...

Além de ter gostado muito deste poema escrito por si, naveguei pelo resto do seu blog, ainda é bébé, logo fácil de vê-lo todo, e fiquei sensibilizado pelas escolhas. Sofia a maior, ou uma das maiores, Ary com quem ainda tive o prazer de privar pessoalmente em mts noites de copos, a par com Natália Correia, de quem fui amiga desde tenra idade até á sua morte. O mundo dos poetas é bom pq nos afasta da mesquinhez e banalidade que cada vez mais se instala neste País.
Bem aja por criar um blog de bom gosto e qualidade.
Um abraço
Teresa David
Além de colaborar no Círculo de Poesia tenho o meu blog http://teresadavid.blogspot.com

Era uma vez um Girassol disse...

L.Q.,fico sempre com pele de galinha quando leio os seus poemas!
Este, então, tocou-me especialmente...
Custa-me falar da tristeza, espelhada aqui nos blogues num modo tão diverso. Desde a fotografia, à poesia, aos textos apercebemo-nos de muito sofrimento, muita dor, por vezes até mascarada...
Deve ter sido uma das coisas que mais me impressionou na Blogosfera, o lamento, o pedido de ajuda encapotado, as lágrimas invisíveis.
Gostei muito deste post, mostra uma enorme sensibilidade.
Beijinho

De Amor e de Terra disse...

Como nós Amiga, como nós!!!
Vamos e voltamos, para "branquear a túnica", com tristeza e alegria.

Muito belo o que escreves.

Parabéns

Maria Mamede

Anne M. Moor disse...

Muito lindo esse poema! Parabéns! O frio da alma acha guarida na poesia e na blogosfera...
Abraço
Anne

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