9.4.06

FRIDA Ferida


Trata-se de Frida Kahlo. A obra dela está aí para a podermos saborear. Para nos comover, para nos arrepiar. A artista e o seu calvário. Um monumento à dor. Está na moda, diz-se. Ainda bem, direi. Tem a ver com ela (também) o que escrevo a seguir.


FERIDA

Falava com a raiva
enrolada ao pescoço
e as vogais eram surdas
quando dizia os nomes
os lugares as datas

as mãos em punho
que punhais não lhe deram

as faces polvilhadas
pelo sal do choro que secara

agitava o corpo
e as pregas da saia
ondeavam em fúria

cavalos-marinhos
prendiam-lhe os cabelos
e dálias de fogo
brotavam-lhe dos seios

os pés esmagavam cactos
e sangue e seiva
se entendiam

era uma dor soberba
a da mulher dos sonhos
violados

às vezes ria
L.Q.

3 comentários:

Licínia Quitério disse...

XIGATO
Desiste, por enquanto és anónimo.
Eh, eh, eh.
L.Q.

Jorge Castro (OrCa) disse...

Depois do poema "lá mais abaixo", este outro, de fortes imagens, impeliu-me a deixar por cá referência de passagem.

Bom poema. A Frida não o desdenharia.

Titá disse...

Parabéns. Conseguiste por em palavras o que a Frida nos ofereceu em imagens.
Gostei muito deste teu "sitio", vou voltar.

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